27.11.13

A morte do amor

O mundo mudou muito nesses  trinta e poucos anos.

Podemos começar fazendo algumas comparações. Quando eu nasci, minha mãe tinha 24anos. Meu pai tinha mais ou menos 28. Como eles, muitos de seus amigos também tiveram filhos nessa faixa dos vinte e poucos, vinte e tantos.

Nessa época, nenhum dos dois tinha muita certeza do que iria enfrentar ou de qual roteiro deveria ter seguido. O que eles sabiam é que tinham um filho pra criar e, por isso, tinham que se virar. Seus sonhos, creio eu, devem ter sido mastigados e cuspidos por essa perspectiva.

Aqueles eram os anos oitenta. A década perdida. Perto de hoje, aqueles tempos pareciam a montanha-russa do desespero no que dizia respeito ao contexto sócio-político-econômico. Não que o nosso mundo seja um mar de rosas, mas não dava para se planejar e tirar férias na Europa, conhecer o mundo, falar vários idiomas, fazer intercâmbio. Pelo menos não com tanta facilidade como agora.

Não sei se me fiz claro até aqui, mas o ponto ao qual pretendo chegar é que nós, com vinte e poucos, trinta e tantos anos, estamos imersos em liberdades que nossos pais não tinham. Talvez, por isso, para eles era um pouco mais fácil não só pensar como sonhar em exercer os papéis que lhes cabia até aquele momento. Eles queriam ter um carro, uma casa, uma família, segurança e bem-estar.

Para nós, talvez isso não faça tanto sentido. Se podemos viajar, viver cada ano em uma diferente cidade, com uma diferente profissão, ganhar grana e fazer o que bem entender, por que deveríamos parar em um lugar só e dedicar nossa vida a cultivar um relacionamento que possui grandes chances de nos causar sofrimento, dor de cabeça e até prejuízos financeiros?

Sem querer cair no terreno fácil da idealização e fazer algum juízo de valor. Não sei mesmo se uma coisa é melhor que a outra.

Japão é o décimo país mais populoso do mundo. Possui cerca de 128 milhões de habitantes em uma área de aproximadamente 378 mil km². Porém, está em declínio populacional. Hoje, 23,9% da sua população tem mais de 65 anos e apenas 13,5% está abaixo de 15 anos. Atualmente, morrem muito mais pessoas do que nas em no Japão. E a razão disso é que eles estão perdendo o interesse por sexo.

Não só pelo sexo como por relações humanas. Especialmente aquelas, afetivas, homem-mulher, mulher-mulher, homem-homem. Segundo relatos que falam a respeito da indústria do sexo/amor que se construiu no Japão, os jovens japoneses não querem mais “perder tempo” com outras pessoas. Eles acham que não vale a pena se sacrificar cultivando um relacionamento, afinal, têm uma profissão a zelar e outras coisas mais importantes para fazer.

É, até certo ponto, possível nos imaginar tomando decisões muito parecidas.

O que sei é que, mesmo com tantos planos, não somos essa montanha de aço que às vezes pensamos ser. Podemos desejar uma carreira brilhante e afirmar que estamos dispostos a fazer tudo o que for necessário para isso, mas temos a necessidade social de interagir com outros seres humanos. Queremos ter boas conversas, olhar no olho, fazer e receber cafunés.

Nós também queremos afeto, queremos que cuidem de nós. A gente quer tudo do melhor.

Mas, assim como eles, nós também rejeitamos muitas partes dos relacionamentos. É legal namorar, mas é um saco quando a gente deixa de ter aquele entendimento mágico, quando você quer ir para casa e o outro quer mais festa.

Talvez, nem seja tão escandaloso assim o fato dos japoneses transformarem cada pedacinho de relacionamento em produto e consumir seus simulacros de conexão com tanta naturalidade. A gente não é tão diferente disso e temos formas de prostituição sutis espalhadas por vários setores da nossa economia. Afinal, nunca antes “ser bem tratado” foi tão importante. Não basta um bom produto, queremos ser amados.

O que me preocupa não é se nós vamos ser capazes de continuar amando a mesma pessoa por toda a vida, se teremos belos filhos, se perpetuaremos nosso código genético, se completaremos ou não o ciclo da vida, se preservaremos as tradições. Zero moralismo aqui.

O que me preocupa é nós começarmos, cada dia mais, a pensar que estar com pessoas e atender às necessidades do outro é perder tempo.

20.4.12

A viuvez do impassivel

Vou explicar como me contaram:
O esforço necessário para ignorar aquele poço sem fim de mau agouro era tanto que só de se lembrar disso, já sentia as dores pelo corpo.
A expressão corporal era tamanha que transcendia a própria necessidade de demonstração do que sentia.
Era reflexo puro.

Para vencer aquele ato de revolta contra sua própria mente, passou a elaborar intermináveis jogos mentais para conseguir largar aqueles pensamentos inúteis.

Inúteis mesmo.

27.9.09

Fantastico mundo e férias - parte 2

Já estamos em curitiba desde as 08:00 do dia 26/09. A cidade é bem bonita e vimos uma movimentacao cultural bem intensa. vamos ter que voltar com calma por aqui pra descobrir tudo.

Agora, estamos de saida rumo a gramado. mais umas 6 horas de viagem nos aguardam.

Até a proxima.

25.9.09

Fantástico Mundo das férias


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Olá nobres amigos leitores,

É com uma impressionante felicidade que lhes apresento o fantastico mundo das férias.

Começando hoje, este humilde blog passará a narrar toda esta incrível aventura com uma turma do barulho e muitas diversões (by sessão tarde#) que serão minhas férias.

Adianto desde já que as pragas e inveja rogadas aqui não chegarão até minha pessoa, pois estarei cumprindo meu dever cívico de férias e fiolmando meu roadmovie ao mesmo tempo.

Deixem de gracinhas e aproveitem a explicação totalmente científica e desprovida de emoção do percurso da viagem que me aguarda.

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Como já viram aí em cima, o mapa demonstra o percurso que faremos que será o seguinte.

 

Belo Horizonte
Curitiba
Gramado
Cambará do Sul
Urubici
Blumenau
São Paulo/Campinas
Belo Horizonte

 

Saindo hoje , vamos direto para Curitiba pra passar 2 dias conhecendo a cidade. Já temos um roteiro pronto pra cidade , mas sem esquecer que o nosso foco é Gramado.

 

Primeira parada : Curitiba.

Chegando lá, novo post pra avisar como andam as coisas por lá.

23.9.09

Eu choro….

E não é que eu fico feliz da vida com uma matéria dessas?

basta eu pensar em todas as vezes que saí “defumado” reclamando aos quantro ventos do incorrigivel fedor dos cigarros alheios.

lei é lei! agora te vira.

 

Ah, sim! Obrigado, cosanostra.

Pub respeita medida, mas clientes chiam

No AMAZÔNIA:
No local mais frequentado na noite de Belém por fumantes, há cerca de 23 anos, o clima ontem era de revolta contra a lei. Até o pianista que ontem fazia um show de bossa nova e jazz foi impedido de fumar. Os fregueses habituais estão dando logo de 'cara' com a placa de 'é proibido fumar' bem na entrada. A gerência não permite mais que ninguém fume, informou um cliente. 'Quem quiser vai fumar lá fora', arrematou um garçom.
O Café Cosanostra, considerado o pub mais charmoso da cidade e frequentado tanto por jovens como pelos mais boêmios, ontem ainda estava meio perdido, mas decidido. ‘’Eu não venho mais, aqui era o único lugar que poderia tomar um chope e fumar', disse o médico Marcelo Dias, 42. 'A poluição dos carros aumenta, os contêineres mandados com lixo para o Brasil foram devolvidos sem saber aonde será jogado, o que vai prejudicar toda a humanidade, a megapoluição fica, mas a do espaço restrito, por decisão individual, querem eliminar', protestou.
Os amigos Ronald Maia, 22, administrador, e Thiago Eduardo, 25, advogado, também comungam da mesma opinião. 'Vai ser um problema, mas é lei a gente vai ter que respeitar, mas é um saco ter que sair do bar para fumar, bastava uma área para fumantes', disse Ronald. Thiago, que deixou de fumar há dois anos, é totalmente contra a lei. 'Deve haver flexibilidade, locais destinados aos fumantes', disse.

Resposta ao Discurso sobre a verdade

Escolhi reproduzir aqui o texto que escrevi em resposta ao discurso sobre a verdade levantado pelo meu bom amigo Thales em seu Blog.

Tenho sido levado pela vida profissional a tomar decisões, dado o lado administrativo de minha profissão, que me tem feito suscitar por diversas vezes sobre a melhor condução das situações , onde somos levados a crer que por vezes a mentira serve o seu propósito.

Minha opinião é a de que  sucesso algum guiado por mentiras pode ser verdadeiro.

Uma ilusão apenas, com prazo de validade.

 


Penso que a verdade e sua necessidade existem muito antes de as podermos definir.
Um exemplo notável está debaixo de nossos narizes. A recente crise econômica mundial é o resultado de uma “verdade” de gestão financeira, que se descobriu, apesar de todos os cálculos e projeções, uma ficção ou mentira, que desencadeou por todo o mundo uma avalanche.


Usando a política como exemplo, vemos que desvalorizar a verdade a favor da sinceridade e da força das convicções é uma ilusão perigosa mas comum. Dada a dificuldade em averiguar cuidadosamente se o que os políticos afirmam é realmente verdade,os eleitores guiam-se unicamente pelo grau de convicção demonstrado.


Inevitavelmente, esta tendência produz políticos com o dom de acreditar precisamente no que lhes dá jeito acreditar, contra todas as provas e avisos da razão. O resultado são políticos que distorcem sinceramente a verdade porque é para eles mais importante ter uma convicção forte do que dar-se ao incômodo de ter uma convicção verdadeira. As maiores atrocidades são cometidas em nome de fortes convicções sinceras, excelentes em todos os aspectos mas que falham num pormenor: são falsas.


Ser um mau líder é ter a capacidade para fazer as pessoas seguir acriticamente as suas convicções cegas, só porque são convicções muito fortes — e que dão muito jeito, a curto prazo e para alguns. Mas não atender à justiça é uma das muitas formas de não atender à verdade. Se é verdade que um dado curso de ação é injusto, nenhum grau de forte convicção pode mudar a sua injustiça: podemos reivindicar jurisprudência sobre a força das nossas convicções, mas só a realidade decreta a sua verdade ou falsidade.


Sócrates é meu amigo, mas sou mais amigo da verdade.
(Aristóteles)

Felicidade com Maturidade

Minha Sandra é fã ardorosa desta autora que ,confesso , só fui conhecer graças a ela.

Martha Medeiros tem  excelentes textos sobre os mais variados assuntos; mas sempre com um toque de leveza no escrever que parece facilitar o entender das suas idéias.

Neste em particular, me reconheci em algum momentos do texto quanto ao reconhecimento que fazemos de quando amadurecemos e da visão que passamos a ter do mundo em si.

Acho que estou amadurecendo.

 

A massacrante felicidade dos outros
Martha Medeiros

Ao amadurecer, descobrimos que a grama do vizinho, não é mais verde, coisíssima nenhuma.
Estamos todos no mesmo barco.

Há no ar, uma certa queixa, um lamento, sem razões muito claras.

Converso com mulheres, de várias idades, todas com profissão, marido, filhos, saúde, e ainda assim, elas trazem dentro delas, um não-sei-o-quê perturbador, algo que as incomoda, mesmo estando tudo bem.

De onde vem isso?
Anos atrás, a cantora "Marina Lima" compôs com o seu irmão, o poeta "Antônio Cícero", uma música que dizia:

"Eu espero/ acontecimentos/ só que, quando anoitece/ é festa no outro apartamento"

Passei minha adolescência com esta sensação: a de que algo, muito animado, estava acontecendo em algum lugar, para o qual eu não tinha convite.

É uma das características da juventude: considerar-se deslocado e impedido de ser feliz como os outros são ou .... aparentam ser.

Só que chega uma hora em que é preciso, deixar de ficar tão ligada na grama do vizinho.
As festas em outros apartamentos, são fruto da nossa imaginação, que é infectada por falsos holofotes, falsos sorrisos e falsas notícias.
Os notáveis, alardeiam muito, suas vitórias, mas falam pouco das suas angústias, revelam pouco suas aflições, não dão bandeira das suas fraquezas, então, fica parecendo que todos estão comemorando, grandes paixões e fortunas, quando na verdade a festa lá fora, não está tão animada assim!
Ao amadurecer, descobrimos que a grama do vizinho, não é mais verde, coisíssima nenhuma.
Estamos, todos, no mesmo barco, com motivos para dançar pela sala e também, motivos para se refugiar no escuro, alternadamente......

Só que os motivos para se refugiar no escuro, raramente, são divulgados.

Para consumo externo, todos são belos, sexys, lúcidos, ricos e sedutores.
Nesta era, de exaltação de celebridades - reais e inventadas - fica difícil mesmo, achar que a vida da gente tem graça.

Mas tem. Paz interior, amigos leais, nossas músicas, livros, fantasias, desilusões e recomeços, tudo isso, vale ser incluído na nossa biografia.
Ou será, que é tão divertido passar dois dias na Ilha de Caras fotografando junto a todos os produtos dos patrocinadores?
Compensa passar a vida comendo alface para ter o corpo que a profissão de modelo exige?
Será tão gratificante ter um paparazzo na sua cola, cada vez que você sai de casa?
Estarão mesmo, todos, realizando um milhão de coisas interessantes, enquanto só você, está sentada no sofá pintando as unhas do pé?
Favor não confundir uma vida sensacional com uma vida sensacionalista...
"As melhores festas, acontecem dentro do nosso próprio apartamento".

10.9.09

Música de Quinta – Phoenix

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Tenho escutado um bocado essa banda e esse álbum.. tanto que até pensei que já tinha falado dela por aqui.. fui pesquisar e descobri que não. Que bom que descobri isso numa quinta.

No ar, um novo música de quinta sobre está que já vem sendo falada como “a melhor banda de todos os tempos da última semana” #by titãs#

Comece ouvindo isso aqui e diga se não muda seu dia..

Love like a sunset - PHOENIX

 

“A grandiosidade discreta e erudita da banda francesa, em seu quarto álbum. Na banda de Thomas Mars encontramos a perfeita sinergia entre coolness, pegada rocker, aura indie, pretensão/certa arrogância e boas músicas.

 

No fim de maio o quarteto francês Phoenix lançou seu quarto álbum, Wolfgang Amadeus Phoenix, em que se vale de temas eruditos para cantar sua grandiosidade. Não em temas metalinguísticos, mas quase sempre nas lamúrias de um amor intenso e puerilmente maduro. Se a banda destacou-se por uma forte identidade pop lá no começo da década com hits como "Too Young" e "If I Ever Feel Better", Wolfgang... é mais uma etapa de um processo camaleônico, agora de influência pós-punk - menos adocicadas, só que mais humanas em sua amplitude, uma banda para musicar paixões e ver no palco com seu vocalista se esforçando visível e sonoramente para se tornar um mito.

O album tem"Lisztomania" que é o single oficial e melhor faixa do disco, sem dúvida. Tem levada de Strokes, e mostra a inspiração da banda na história de Franz Liszt, compositor clássico húngaro do século 19 que foi um dos primeiros popstars da história, com o público feminino berrando histérico em suas apresentações .

Lisztomania – PHOENIX

caso o primeiro link não funcione vá por aqui..

Lisztomania – PHOENIX

Por sua "maturidade" e pelo próprio título do disco, o Phoenix não se refere diretamente a esse histerismo, apenas fala de um amor tímido que encontra vazão no escapismo e na idolatria do rock.”

Afanado carinhosamente do rraurl!

28.8.09

Um desabafo a favor da cultura

Meu nobre amigo Thales acabou escrevendo um desabafo-manifesto sobre a “virtude” cultural de nossa cidade natal Belém, no comentário sobre a exposição do Vik Muniz, aqui em Belo Horizonte.

Concordei tanto que resolvi postar aqui.

“É uma pena não podermos compartilhar o sucesso de estarmos mais perto da arte. É uma pena não termos acesso às questões culturais... O problema é também o fato de o paraense ter pouquíssimo interesse na arte. Não lê, não comenta... Quando chega algo novo, muitos correm para se dizerem: "Égua, vou correndo ver aquela peça de teatro. Dizem que está bombando".

Dai, em contraposição, sabem a agenda certa de quem vem para diminuir ainda mais a existência humana: "Vamos no show do calcinha preta?"...


Às vezes penso que estamos em uma terra em que a fertilidade é colocada sobre todos os outros interesses. Dai você observar que os jornais daqui sempre colocam uma foto de mulher seminua na capa para vender... Leitor não vai ler o mais interessante dentro do jornal mesmo... Vai é ver as últimas fofocas dos famosos e saber quem morreu e porquê... Curioso porque não se vêem muitos anúncios nas páginas policiais... É o caderno mais lido...


Tem muito evento que, para ser apreciado, precisamos pegar o "jatinho" para São Paulo. Poderia ser na rua mesmo, como aquele post que você colocou sobre o projeto da música nas ruas, por pessoas aparentemente desconhecidas... Poderia ser na praça, como os shows do Arraial da Pavulagem... Poderia ser em qualquer lugar, mas...
O que importa mesmo é que o paraense prefere ouvir calcinha preta. Prefere ler sobre a Ivete Sangalo ou a Priscila do BBB. Prefere ver show de tecnobrega... Em último volume...


É fácil saber que estou certo. Uma volta nas ruas mais badaladas de Belém em uma tarde de sábado prova isso!


E, como diria aquele outro, "quem sou eu para fazer eles despertarem do sono profundo de sua inaptidão para o conhecimento?" “

(…)

Do sempre esperto Thales Bruno.