Meu nobre amigo Thales acabou escrevendo um desabafo-manifesto sobre a “virtude” cultural de nossa cidade natal Belém, no comentário sobre a exposição do Vik Muniz, aqui em Belo Horizonte.
Concordei tanto que resolvi postar aqui.
“É uma pena não podermos compartilhar o sucesso de estarmos mais perto da arte. É uma pena não termos acesso às questões culturais... O problema é também o fato de o paraense ter pouquíssimo interesse na arte. Não lê, não comenta... Quando chega algo novo, muitos correm para se dizerem: "Égua, vou correndo ver aquela peça de teatro. Dizem que está bombando".
Dai, em contraposição, sabem a agenda certa de quem vem para diminuir ainda mais a existência humana: "Vamos no show do calcinha preta?"...
Às vezes penso que estamos em uma terra em que a fertilidade é colocada sobre todos os outros interesses. Dai você observar que os jornais daqui sempre colocam uma foto de mulher seminua na capa para vender... Leitor não vai ler o mais interessante dentro do jornal mesmo... Vai é ver as últimas fofocas dos famosos e saber quem morreu e porquê... Curioso porque não se vêem muitos anúncios nas páginas policiais... É o caderno mais lido...
Tem muito evento que, para ser apreciado, precisamos pegar o "jatinho" para São Paulo. Poderia ser na rua mesmo, como aquele post que você colocou sobre o projeto da música nas ruas, por pessoas aparentemente desconhecidas... Poderia ser na praça, como os shows do Arraial da Pavulagem... Poderia ser em qualquer lugar, mas...
O que importa mesmo é que o paraense prefere ouvir calcinha preta. Prefere ler sobre a Ivete Sangalo ou a Priscila do BBB. Prefere ver show de tecnobrega... Em último volume...
É fácil saber que estou certo. Uma volta nas ruas mais badaladas de Belém em uma tarde de sábado prova isso!
E, como diria aquele outro, "quem sou eu para fazer eles despertarem do sono profundo de sua inaptidão para o conhecimento?" “(…)
Do sempre esperto Thales Bruno.