23.9.09

Resposta ao Discurso sobre a verdade

Escolhi reproduzir aqui o texto que escrevi em resposta ao discurso sobre a verdade levantado pelo meu bom amigo Thales em seu Blog.

Tenho sido levado pela vida profissional a tomar decisões, dado o lado administrativo de minha profissão, que me tem feito suscitar por diversas vezes sobre a melhor condução das situações , onde somos levados a crer que por vezes a mentira serve o seu propósito.

Minha opinião é a de que  sucesso algum guiado por mentiras pode ser verdadeiro.

Uma ilusão apenas, com prazo de validade.

 


Penso que a verdade e sua necessidade existem muito antes de as podermos definir.
Um exemplo notável está debaixo de nossos narizes. A recente crise econômica mundial é o resultado de uma “verdade” de gestão financeira, que se descobriu, apesar de todos os cálculos e projeções, uma ficção ou mentira, que desencadeou por todo o mundo uma avalanche.


Usando a política como exemplo, vemos que desvalorizar a verdade a favor da sinceridade e da força das convicções é uma ilusão perigosa mas comum. Dada a dificuldade em averiguar cuidadosamente se o que os políticos afirmam é realmente verdade,os eleitores guiam-se unicamente pelo grau de convicção demonstrado.


Inevitavelmente, esta tendência produz políticos com o dom de acreditar precisamente no que lhes dá jeito acreditar, contra todas as provas e avisos da razão. O resultado são políticos que distorcem sinceramente a verdade porque é para eles mais importante ter uma convicção forte do que dar-se ao incômodo de ter uma convicção verdadeira. As maiores atrocidades são cometidas em nome de fortes convicções sinceras, excelentes em todos os aspectos mas que falham num pormenor: são falsas.


Ser um mau líder é ter a capacidade para fazer as pessoas seguir acriticamente as suas convicções cegas, só porque são convicções muito fortes — e que dão muito jeito, a curto prazo e para alguns. Mas não atender à justiça é uma das muitas formas de não atender à verdade. Se é verdade que um dado curso de ação é injusto, nenhum grau de forte convicção pode mudar a sua injustiça: podemos reivindicar jurisprudência sobre a força das nossas convicções, mas só a realidade decreta a sua verdade ou falsidade.


Sócrates é meu amigo, mas sou mais amigo da verdade.
(Aristóteles)

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